Instituto Memória - Centro de Estudos da Contemporaneidade Instituto Memória - 15 anos Instituto Memória - Televendas - 41.3016 9042
 

eventos

Eventos, notícias, lançamentos, novidades, ... e muito mais! Confira, agora, nossos principais destaques.

Localize um evento/notícia pelo título ou pelo resumo:

Entre pica-paus e maragatos, Por Célio Heitor Guimarães

JORNAL O ESTADO DO PARANÁ - PARANÁ ON-LINE

22/03/2009 às 00:00:00 - Atualizado em 21/03/2009 às 17:57:14

Entre pica-paus e maragatos

O leitor que acompanha estas maltraçadas sabe que tenho andado meio às turras com a minha terra natal, a Lapa dos meus amores. Não propriamente com a Lapa, mas com determinados lapeanos, mais "lapianos" que lapeanos, defensores da modernidade e da transformação do legendário burgo em modernoso centro, preferencialmente industrial. Querem tirar a Lapa do "marasmo" histórico em que vive e colocá-la na trilha das grandes metrópoles.

Como isto me causa calafrios, fui acusado de mau lapeano ou de "lapeano de final de semana", que prefere ver a cidade estagnada no tempo só para satisfazer o seu prazer pessoal. Inventaram, até, um outro "Célio Guimarães", radialista e jornalista como eu, elegeram-no vereador e passaram a considerá-lo "o maior talento surgido nos últimos tempos". Talvez venham, até, a intronizá-lo em praça pública, sobre o pedestal que ora sustenta a estátua do general Gomes Carneiro, herói do "Cerco".

Dias atrás, instado por Anthony Leahy, presidente do Instituto Memória e editor da editora e de projetos especiais do mesmo instituto, enviei-lhe uma questão: o que precisa ser feito para que os novos lapeanos tomem consciência da importância de sua terra? E justifiquei: um ônibus de turistas chegou à Lapa. Na entrada da cidade, junto ao Monumento ao Tropeiro, de Poty Lazzarotto, indagaram a um popular onde ficava a área histórica. Resposta: "Ah, lá no centro tem uma casinhas velhas...".

Anthony não se fez de rogado. Respondeu de bate-pronto: "Como admirador incondicional da legendária Lapa, por sua história de honra, dignidade e coragem, especialmente das mulheres, que recusaram a oferta dos maragatos de um trem para transportá-las a salvo a Curitiba, sinto-me à vontade para dizer que o que mais impede o avanço da Lapa é a falta de união entre os lapeanos/lapianos".

E foi em frente o bom "curitibaiano": "Maria de Lourdes Montenegro, a quem adotei como madrinha (o que ela atura por delicadeza), legítima representante das corajosas mulheres lapeanas (filha do "seu" Iago da farmácia), é presidente do LapaMundi e tem tentado resgatar a alma lapeana, a sua tradição e as suas verdadeiras manifestações culturais. Mas eu noto que, em se tratando da Lapa, o que mata é o fogo-amigo, ou, melhor, o fogo-irmão. E um exército que luta entre si nunca ganhará a guerra.

"Precisamos gritar a todos a valentia lapeana ao resistir a investida dos maragatos (afinal, independentemente de ser pica-pau ou maragato, foi um feito histórico inegável, que muitos livros de história do Brasil desconhecem). Mas a Lapa tem muito mais do que o Cerco! Basta uma pesquisa para notar quantos filhos ilustres forneceu para engrandecer o Paraná e o Brasil. Empresários, jornalistas, políticos, artistas... Uma dica: Isaac Lazzarotto, pai do nosso Poty, era lapeano.

"Por isso, orgulhemo-nos do Cerco, mas não nos esqueçamos que a Lapa e os lapeanos são muito mais do que o Cerco (e que o monge também). A Lapa é realmente berço de heróis e (Que se dane o Manoel Ribas!) terra de intelectuais e empreendedores. Não precisamos inventar que d. Pedro II inaugurou o Teatro São João, que é lindo por si só e importante porque foi enfermaria durante o Cerco".

Anthony acredita que "a solução é conhecer a história antes, durante e depois do Cerco para reencontrar o orgulho de ser lapeano", além da construção de "pontes de comunicação e sinergia entre os lapeanos".

Para encerrar, Anthony Leahy garante que a maldição do Pe. Pinto já acabou, pois já se passaram os 100 anos..., mas que isso já é outro causo, "que vale uma rodada de chimarrão, promovida pelo Elói Fávaro, na praça da matriz, num sábado de seresta".

P.S. O meu pesar pelo falecimento do Dr. Francisco Cunha Pereira Filho, um homem sobretudo educado, fiel a suas convicções, que amou como poucos o Paraná e a minha Lapa em particular. Vai fazer falta.

Célio Heitor Guimarães - Jornalista e advogado, lapeano com orgulho, atleticano e avô.


Adquira já as obras relacionadas com a notícia:


    VOLTAR