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O Livro e a América, de Castro Alves

Paradigma VII

Para o Instituto Memória, cada autor é considerado como o capital estratégico essencial, pois sem autor não existem livrarias e editoras, mas o autor existirá sempre.   

Anthony Leahy - Editor

O LIVRO E A AMÉRICA

''Talhado para as grandezas,
P''ra crescer, criar, subir,
O Novo Mundo nos músculos
Sente a seiva do Porvir.
--Estatuário de colossos--
Cansado doutros esboços
Disse um dia Jeová:
''Vai, Colombo, abre a cortina
''Da minha eterna oficina...
''Tira a América de lá''. 

Molhado inda do dilúvio,
Qual tritão descomunal,
O continente desperta
No concerto universal.
Dos oceanos em tropa
Um--traz-lhe as artes da Europa,
Outro-- As bagas do Ceilão...
E os Andes petrificados,
Como braços levantados,
Lhe apontam para a amplidão. 

Olhando em torno então brada:
''Tudo marcha!... Ó grande Deus!
As cataratas -- P''ra terra,
As estrelas -- para os céus
Lá, do polo sobre as plagas,
O seu rebanho de vagas
Vai o mar apascentar...
Eu quero marchar com os ventos,
Com os mundos... co''os firmamentos!!!''
E Deus responde -- ''Marchar!'' 

''Marchar!... Mas como?... Da Grécia
Nos dóricos Partenons
A mil deuses levantando
Mil marmóreos panteons?...
Marchar co''a espada de Roma
-- Leoa de ruiva coma
De presa enorme no chão,
Saciando o ódio profundo...
-- Com as garras nas mãos do mundo,
-- Com os dentes no coração?... 

''Marchar!... Mas como a Alemanha
Na tirania feudal,
Levantando uma montanha
Em cada uma catedral?...
Não!... Nem templos feitos de ossos,
Nem gládios a cavar fossos
São degraus do progredir...
Lá brada César morrendo:
''No pugilato tremendo
''Quem sempre vence é o porvir!'' 

Filhos do sec''lo das luzes!
Filhos da Grande Nação!
Quando ante Deus vos mostrardes,
Tereis um livro na mão:
O livro -- esse audaz guerreiro
Que conquista o mundo inteiro
Sem nunca ter Waterloo...
Eólo de pensamentos,
Que abrira a gruta dos ventos
Donde a igualdade voou!... 

Por uma fatalidade
Dessas que descem de além,
O sec''lo, que viu Colombo,
Viu Gutemberg também.
Quando no tosco estaleiro
Da Alemanha o velho obreiro
A ave da imprensa gerou...
O Genovês salta os mares...
Busca um ninho entre os palmares
E a pátria da imprensa achou... 

Por isso na impaciência
Desta sede de saber,
Como as aves do deserto --
As almas buscam beber...

Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n''alma
É germe -- que faz a palma,
É chuva -- que faz o mar


Vós , que o templo das idéias
Largo -- abris às multidões,
P''ra o batismo luminoso
Das grandes revoluções,
Agora que o trem de ferro
Acorda o tigre no cerro
E espanta os caboclos nus,
Fazeei desse ''Rei dos ventos''
-- Ginete dos pensamentos,
-- Arauto da grande luz!... 

Bravo! a quem salva o futuro
Fecundando a multidão!...

Num poema amortalhada
Nunca morre uma nação.
Como Goethe moribundo
Brada ''Luz!'' O Novo Mundo
Num brado de Briaréu...
Luz! pois, no vale e na serra...
Que, se a luz rola na terra,
Deus colhe gênios no céu!...

Castro Alves

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