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Célio Heitor Guimarães comenta Cidadania Honorária de Anthony Leahy

Ontem, a noite foi de festa

30 nov 2011 - 06:38

por Célio Heitor Guimarães

Eu teria pelo menos um bom motivo para comparecer, na noite de ontem, ao Palacete dos Leões, sito na Av. João Gualberto, nesta mui hermosa Vila de N.S. da Luz dos Pinhais: dar um abraço em Anthony Leahy, Milton Ivan Heller e Valmor Weiss. O primeiro estaria recebendo o diploma de Cidadão Honorário de Curitiba, título que lhe fora conferido pela Câmara Municipal de Curitiba, por iniciativa do vereador Aladim Luciano (ex-craque do nosso desafeto Coxa- Branca). O segundo estaria lançando um novo livro, editado pelo primeiro e tendo por personagem o terceiro. Infelizmente, compromisso inadiável de ordem familiar impediu-me de estar presente. Escrevi um pequeno texto para ser publicado ontem aqui, mas ele se perdeu nos mistérios insondáveis da rede. Hoje, resta-me o consolo de voltar ao tema, fazer o registro do ocorrido e abraçar, ainda que à distância e com algum atraso, o querido trio de amigos.

A homenagem ao “curitibaiano” Anthony Leahy foi das mais merecidas. Anthony conhece a história de Curitiba e do Paraná como poucos curitibanos e paranaenses de nascimento. Mais do que conhecer, cultua e divulga. Aprendeu a gostar desta terra com o pai, de origem irlandesa, que se estabelecera na Bahia, mas costumava vir sempre ao Paraná. Pois Anthony decidiu ir além do pai: não apenas seguiu o caminho mostrado por ele, como se mudou com a família para cá. Poderia ser sido “Gato-de-Ipanema”, mas preferiu revelar-se um autêntico “Bicho-do-Paraná” – conforme tive ocasião de destacar algum tempo atrás.

Contei também que conheci esse notável soteropolitano em uma entrevista que ele deu à UFPR TV. Era, então, dono de uma livraria chamada Pedra da Gazeta (para os recém chegados, revelo que “pedra da Gazeta” era um pequeno mural de mármore que existia na entrada no jornal Gazeta do Povo, quando ele se localizava na Rua XV de Novembro e onde eram afixadas as principais notícias do dia, incluindo avisos e notas de falecimento).

Mais do que um livreiro, porém, Anthony mostrou, desde logo, o seu amor pelo Paraná de todas as gentes e pelas coisas paranaenses. No acervo de sua livraria, o destaque eram obras de autores paranaenses ou sobre o Paraná. A maior atração ali, porém, era ele próprio, que, entre outras coisas nossas, sabe de cor os hinos de Curitiba e do Paraná.

Aliás, Tronco dos Pinheirais foi o nome dado por Leahy à revista que editava – o mesmo título dado pelo jornalista, advogado e escritor José Wanderley Dias, nos idos de 1953, à série radiofonizada que escreveu para a velha Rádio Guairacá, por ocasião dos festejos do Centenário do Paraná.

Paralelamente, Anthony mantinha na internet o sitewww.pedradagazeta.com.br, onde cultuava a memória paranaense através de uma série de textos e artigos. Ali, os interessados podiam ainda conhecer, entre outras, as histórias das balas Zequinha, dos berimbaus de Santa Felicidade, da cerveja do Paraná, dos pianos Essenfelder, da identidade paranaense, do monge da Lapa, do pai da imprensa paranaense Cândido Martins Lopes, da baronesa do Serro Azul, do cacique Guairacá e do Território do Iguaçu. Tinham, também, uma amostra da poesia, da culinária e das lendas paranaenses.

Depois, Anthony foi convidado e ingressar no Instituto Histórico e Geográfico do Paraná e criou o Instituto Memória Editora & Projetos Culturais (Prêmio Nacional de Qualidade Editorial, concedido pela Câmara Brasileira de Cultura), através do qual vem semeando livros Brasil afora, a maioria dos quais dedicada à história e à cultura do Paraná.

Ontem, Anthony Leahy foi sacramentado paranaense de fato e de direito, com direito à festa, circunstância e diploma, o que é uma honra para todos nós.

Mas, a par da homenagem ao editor e memorialista, nova leva de obras do IME foi também lançada na ocasião. Entre elas, uma em especial faço questão de recomendar: “O Prisioneiro da Cela 310”, do jornalista e ex-parceiro de O Dia e de Última Hora, ex-revista Placar e ex-Jornal do Brasil, Milton Ivan Heller, com um relato pessoal da vida do empresário Valmor Weiss.

Milton Ivan é um dos derradeiros dinossauros da imprensa paranaense. Sério, competente, ótimo profissional e ótimo caráter, já nos deu excelentes trabalhos ao focalizar os anos de chumbo militar no Paraná e a tragédia do Contestado, na divisa do Paraná com Santa Catarina.

Valmorzinho ( Walmorzão era o Marcellino) é outra figura. Também esteve na saudosa Última Hora, assinando uma coluna social do Exército, do qual era sargento. Quando a ditadura chegou, taxou-o de subversivo, prendeu-o e o torturou sem dó nem piedade. Ele resistiu bravamente, sem jamais perder o
humor e a ternura. Quando o soltaram, sem prumo e sem rumo, valeu-se de uma Kombi velha, cedida pelo ex-colega de jornal, o Dutra da expedição, para criar aquela que viria a ser a maior empresa de transporte de valores do sul do Brasil. Foi o único “comunista” que se vingou do capitalismo enriquecendo.

Outros lançamentos literários também aconteceram ontem no antigo domicílio da família Leão – uma infinidade de título para todos gostos, coisa que só o Anthony seria capaz de concretizar, a saber: O Quarto Cavaleiro, de Anderson Vianna; La Hermandad del Valle, de Jorge Fernández Barbas; Vida em Versos e Prosa, de Jocelino Freitas; Iconografia de Euclides da Cunha, de Felipe Rissato; Caminhos do Coração; de Fabiola Settim; Narrando com Rimas, de Genoveva Tavares; Retalhos da Vida, de Lúcia Helena da Costa; Neurose Hereditária, de Richard D´Avila; A Irmandade do Vale, de Jorge Fernández
Barbas, com tradução de Jocelino Freitas; Escorpiões Vermelhos, de Chinedu Okafor, com tradução de Nélia Maria Pinheiro Padilha Von Tempski-Silka; Sapo Tiaguinho, de Pedro Henrique Osório; O Universo do Restaurante Bologna, de Daniele Rocha Saucedo; A Confeitaria das Famílias – de Iara Lis Nunes; A Polenta como expressão da Cultura Popular Italiana, de Giovanna Piffar; e A Arte de Receber: distinção e poder à boa mesa; de Maria Cecilia Pilla.


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