SINOPSE
APRESENTAÇÃO
Escrever a biografia de uma pessoa como Carlos Alberto Rodrigues não foi difícil para mim. Ao contrário, foi fácil e prazeroso. Isso porque somos amigos há 45 anos. Nossa amizade começou em 1978, quando de sua vinda a Curitiba, minha cidade, para jogar no Colorado Esporte Clube.
Jornalista esportivo que sou desde 1973, eu já conhecia boa parte de sua história. E o acompanhava jogando por equipes como Grêmio e Santa Cruz. Não tive o privilégio de vê-lo atuar pelo São Paulo, mas antes mesmo de nos conhecermos, eu já sabia de todos os pormenores de sua trajetória de mais de seis anos no Tricolor do Morumbi.
Nossa amizade vai além do futebol, e de nossas atividades profissionais. Ela envolve também nossas famílias. Tenho um relacionamento muito próximo com sua esposa, Maria Alice (a quem chamo apenas de Alice) e seus filhos Adriana e Juninho. Estes, conheci ainda crianças e os vi crescer.
Muitas foram as vezes em que, depois de encerrada sua carreira de atleta profissional do futebol, Carlos Alberto recebeu-me em sua residência em São José dos Campos, São Paulo. Desfrutamos também de bons momentos, quando de minhas férias, em sua bela e aconchegante casa em Caraguatatuba no litoral paulista.
Como jogador, ele foi um volante diferenciado. Não era do tipo grosso de bola. Ao contrário, tratava a pelota com requinte e muita intimidade. Tinha como característica principal antecipar-se ao adversário na disputa pela bola. Nunca foi desleal, tampouco truculento. Ele ainda se aventurava a fazer gols. Poucos, é verdade, mas valiosos gols.
Aplicado taticamente, cumpria fielmente o que lhe era determinado por seus técnicos. Em virtude disso, sempre desempenhava funções específicas na marcação de adversários fora de série como Pelé, por exemplo.
Em vida, o Rei do Futebol chegou a dizer que Carlos Alberto foi um dos marcadores mais leais que ele teve ao longo de sua histórica carreira. Não por acaso o presentou com sua camisa, depois de um clássico San-São, realizado em 1971 no Estádio do Morumbi.
A importância da passagem de Carlos Alberto Rodrigues para o futebol brasileiro pode ser medida nas declarações dadas por um de seus companheiros, o ex-meia Yura que, ao falar sobre o amigo assegurou que ele fez parte da transformação do tradicional Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, da fase amadora e desorganizada para a profissional e muito bem organizada.
Yura ressalta ainda que Carlos Alberto atuava como conselheiro dos jogadores mais jovens, dando a eles um direcionamento para a vida.
Bem de perto, testemunhei o desempenho de Carlos Alberto vestindo as camisas vermelha e branca do Colorado Esporte Clube, e vermelha e preta do Clube Atlético Paranaense (ainda sem a letra h na grafia de seu nome).
No final dos anos 1970 e início dos 80, eu atuava como repórter esportivo para emissoras de rádio e televisão em Curitiba. Eu também escrevia para os principais jornais de minha cidade. No Diário do Paraná, em sua edição dominical, tínhamos o hábito de publicar reportagem de página inteira com os jogadores que se destacavam no futebol paranaense.
Dedicamos uma para narrar a trajetória do volante, então no Colorado, e sua repercussão foi extremamente positiva.
Carlos Alberto sempre foi muito querido pelos companheiros de clube, pela torcida e pelos cronistas esportivos. Buscava tratar a todos com especial atenção.
Ele mostrava-se bem articulado com as palavras. Tinha opinião formada sobre tudo, não apenas sobre o futebol e o time que defendia. Exerceu sempre uma liderança natural e muito positiva no grupo de jogadores.
Naquela época, os repórteres setoristas (aqueles que faziam a cobertura diária dos clubes) tinham acesso direto aos jogadores. Não havia sido introduzida a sistemática de assessoria de imprensa nos clubes, que hoje estabelece uma barreira entre atletas e jornalistas.
A proximidade de então nos permitia ter um relacionamento interpessoal com esses grandes personagens do futebol.
Muitas foram as vezes em que Carlos Alberto convidou-me para participar de jantares em sua casa, quase sempre para saborear o bom e tradicional churrasco, um hábito que ele adquiriu nos três anos em que morou em Porto Alegre, quando jogava pelo Grêmio. A esses eventos, outros companheiros dele, sobretudo os mais chegados, também eram convidados.
As conversas eram agradáveis e muitas vezes reveladoras, mas eu sabia que não seria ético, nem confiável, torná-las públicas.
Pessoa agradável e carismática, Carlos Alberto tem facilidade em fazer amizade. Ao longo de sua vida, colecionou amigos. Eu nunca soube que ele tivesse algum inimigo. Mesmo quando não concordou em participar de um movimento para derrubar um treinador, deixou de ser amigo do autor da ideia.
Ele sabe dizer “não” com jeitinho especial, sem se indispor. É um sujeito de bem com a vida, que gosta muito de pescar. Simplório, prefere a vida bucólica e tranquila do campo do que a agitada e corrida da cidade.
Para colher seu depoimento para esta obra literária, estive em sua chácara nas redondezas de São José dos Campos, no feriado de 12 de outubro de 2023 e no período de Páscoa em 2024. Durante alguns dias, voltei a desfrutar de sua sempre generosa hospitalidade.
Conversamos muito. Revimos bastante. e selecionamos fotos e recortes de jornais. Relembramos sua trajetória de vida, desde a infância aos dias atuais, contando com a colaboração direta de sua amada Maria Alice.
Quando a memória dele falhava, sua esposa estava pronta a contribuir com os detalhes mais peculiares.
Apresento o texto na terceira pessoa, pois é o mais adequado quanto se trata de biografia, mas mantive a linguagem intimista, direta mesmo, como se escrevesse na primeira pessoa.
Boa leitura!
PREFÁCIO
O Jornalista, radialista, professor, escritor, Paranista e Cristão, Josias Lacour resolveu homenagear seu amigo e craque de futebol, Carlos Alberto Rodrigues, com esta preciosa obra da literatura esportiva.
Conheço Josias desde seu início na crônica esportiva da cidade de Curitiba. Repórter instigante, apresentador de programas esportivos, com conteúdo geral. Tanto no rádio como na televisão, seu sucesso foi reconhecido por todos. Sua fama de radialista competente cruzou as fronteiras do estado do Paraná.
Como vereador da cidade de Curitiba, trabalhou com determinação pelo esporte da sua cidade. Travou uma luta ferrenha contra o ato de se fumar em locais fechados. Fez verdadeiros golaços nesta área.
Como torcedor do Paraná Clube, o autor desta bela obra se tornou admirador da arte de jogar futebol do craque Carlos Alberto, que desfilou seu talento no São Paulo, Grêmio, Santa Cruz, Náutico, Atlético e logicamente no Colorado, hoje Paraná Clube.
Carlos Alberto foi um volante diferenciado. Não foi um volante limitado a marcar os meias ou atacantes adversários. Foi sim, um volante que ia além da simples e catedrática marcação.
Tive o privilégio de vê-lo jogar no meu Grêmio dos anos 1970. Ele havia vindo do São Paulo, clube pelo qual foi bicampeão paulista e jogou ao lado de Pedro Rocha e Gerson. Era uma época em que o Grêmio ainda não tinha a estrutura que tem hoje. Também nisso, Carlos Alberto contribuiu.
A experiência trazida de um clube referência administrativa como o São Paulo, deu-lhe condições de compartilhar seus conhecimentos com os homens que administravam o Tricolor gaúcho, especialmente ao lendário supervisor Carlos Verardi.
Esta obra é o encontro de dois foras de série do nosso tempo. Convido você a participar desta tabela, entre o autor e o biografado. Um golaço para nós, leitores, comemorarmos com eles.
Walmir Gomes
Gaúcho e cronista esportivo em Curitiba
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